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Enquete: primeira ou terceira pessoa?

Em primeira pessoa fica assim:

Mal abro a boca
já falo eu mesmo
e o lugar de onde eu vim.

Mal abro a boca
já falo essa vida
que passa da minha boca
pra fora, onde nasce
vive e morre o mundo.

Mal abro a boca
já mexo com quem escuta,
não pelo que disse aqui
mas pelo que se ouve aí,
desse outro lado
onde eu não posso entrar.

Mal abro a boca
e bordo som e palavra,
num tipo de música
sutil, que às vezes transborda,
mas quase sempre não.

Mal abro a boca.


Em terceira pessoa, assim:

Mal abre a boca o sujeito
já falaram ele mesmo
e o lugar de onde ele vem.

Mal abre a boca o sujeito
já fala essa vida
que passa da sua boca
pra fora, onde nasce
vive e morre o mundo.

Mal abre a boca o sujeito
já mexeu com quem escuta,
não pelo que disse lá
mas pelo que se ouve aqui,
desse outro lado
onde ele não pode entrar.

Mal abre a boca o sujeito
e borda, som e palavra,
um tipo de música
sutil, que às vezes transborda,
mas quase sempre não.

Mal abre a boca o sujeito.

Comments

Mariana Botelho said…
Eu prefiro a terceira pessoa. Mas, se me permite, eu tiraria "o sujeito" do último verso. "Mal abre a boca".

Justifico minha escolha: gosto de escrever em terceira pessoa, me agrada ler, como se eu, de fora, me olhasse e falasse daquela que vejo.

enfim. até. :)
também prefiro a terceira pessoa. dá um charme drummoniano. (mas em primeira também ficou bom)

concordo com a mariana sobre "o sujeito". achei que o verso fica pesado com uma palavra tão forte no fim.

não dá pra trocar de lugar? tipo: "o sujeito mal abre a boca"

ou então colocar o mesmo peso no final dos outros versos da estrofe, pra ficar mais equilibrado.

(perdoe o classicismo)
Os dois comentários - e mais um que recebi por email - foram muito interessantes, obrigado a todos.
O motivo de eu ter experimentado com a primeira pessoa é por causa da questão dos aquis e aí e dentros e foras que ficavam, talvez, meio enrolados quando a voz era na terceira pessoa.

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