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Resumos didáticos e idiossincráticos: três tipos de nostalgia

Mais ou menos assim me contaram sobre três tipos de nostalgia:


Odisseu esculpe sua cama de uma árvore viva para que ela tivesse raízes firmes no chão de casa mas não consegue ficar mais de três dias em casa e parte de novo porque sua casa não é uma casa, não comporta uma família, é um convite à solidão: o emaranhado de estrada de água do Mediterrâneo.



Éneas deixa Tróia em chamas para trás carregando seu pai moribundo nas costas para cruzar uma banheira de água salgada e se transformar em algo que já não é seu, numa terra estrangeira, numa língua estrangeira. Dizem os incautos que ele funda; na verdade ele se funde.








Hannah vive dois mundos desproporcionais: na rua, no trabalho, na vida, ela perambula dentro de uma língua que a abraça e absorve mas não se transforma quando sai de sua própria boca nem quando entra pelos seus ouvidos. Em casa, sozinha, no lápis traçando linhas no papel em cima da mesa é que Hannah vive de verdade, na sua língua, língua que é também língua de uma terra madrasta que tentou incinerar Hannah e os seus da face da terra.

Comments

Muito bonito.
Estou lendo "Nostalgia: When Are We Ever at Home?" da Barbara Cassin e este foi um resumo nada fiel do ponto de vista acadêmico. É uma das razões pelas quais eu mantenho o blogue.

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 que pertence a menos gente 
 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

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