Skip to main content

Complexo de Mazombo

Um crítico perspicaz da obra de Gregório de Mattos chamou sua forma de ver o mundo como "Complexo de Mazombo" [Mazombo era o termo para brancos nascidos na colônia, como o "criollo" no castelhano]. Tudo o que ele vê está filtrado pelo seu ressentimento e até indignação, motivados pela convicção do Mazombo de que ele é melhor do que o lugar onde vive, de que o lugar onde ele nasceu ou onde vive não merece suas qualidades culturais e morais superiores. Junte-se a isso a convicção de que negatividade é necessariamente agudeza de juízo; que grosseria é firmeza de príncipios e um imensa vontade de distanciamento, de não se sentir responsável, co-autor da realidade onde vive e temos o quadro completo. Agora, cá entre nós, bater na Danusa é brigar com cachorro morto. Existem por aí casos bem mais sofisticados do Complexo de Mazombo, mesmo porque desde o pós-ditadura ele é quase uma epidemia entre as elites brasileiras.
PS. Para não criar mal-entendidos, Gregório de Mattos é um poeta que eu já li muito e de quem gosto imensamente. Quem dera um décimo dos Mazombos de hoje em dia escrevessem com um décimo da verve e talento dele…

Comments

Gostei de q tivesse me visitado. Coloquei seu link na parede para encontrar você mais facilmente.
Ah, não conhecia a expressão. Ótima.

- - -

Coloquei no meu blog a passagem sobre o Urupes e a garçonniere de Oswald. Na verdade ele não esqueceu o manuscrito, mas as provas. Menos grave.
Pois é, Sabina, de alguma maneira o tal repente que eu propus vai acontecendo, né? Estou pensando aqui numa tréplica...

Popular posts from this blog

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p

Diário do Império - Antenado com a minha casa [BH]

Acompanho a vida no Brasil antes de tudo pela internet, um "lugar" estranho em que a [para mim tenebrosa] classe m é dia brasileira reina soberana, quase absoluta, com seus complexos, suas mediocridades e sua agressividade... Um conhecido, daqueles que ao inv és de ter um blogue que a gente visita quando quer, prefere um papel mais ativo, mandando suas "id éias" para os outros por e-mail, me enviou o texto abaixo, que eu vou comentar o mais sucintamente possível: resolvi a partir de amanh ã fazer um esforço e tentar, al ém do blogue, onde expresso minhas "id éias" passivamente, tentar me comunicar diretamente com as pessoas por carta... OS ALUNOS DE UNIVERSIDADES PARTICULARES DERAM UMA RESPOSTA; E A BRIGA CONTINUOU ... 1 - PROVOCAÇÃO INICIAL Estudar na PUC:............... R$ 1.200,00 Estudar no PITÁGORAS:..........R$ 1.000,00 Estudar na NEWTON:.....R$ 900,00 Estudar na FUMEC:............ R$600,00 Estudar na UNI-BH:........... R$ 550,00 Estudar na

Protestantes e evangélicos no Brasil

1.      O crescimento dos protestantes no Brasil é realmente impressionante, saindo de uma pequena minoria para quase um quarto da população em 30 anos: 1980: 6,6% 1991: 9% 2000: 15,4%, 26,2 milhões 2010: 22,2%, 42,3 milhões   Há mais evangélicos no Brasil do que nos Estados Unidos: são 22,37 milhões da população e mais ou menos a metade desses pertencem à mesma igreja.  Você sabe qual é? 2.      Costuma-se, por ignorância ou má vontade, a dar um destaque exagerado a Igreja Universal do Reino de Deus e ao seu líder, Edir Macedo. A IURD nunca representou mais que 15% dos evangélicos e menos de 10% dos protestantes como um todo. Além disso, a IURD diminuiu seu número de fiéis   nos últimos 10 anos de acordo com o censo do IBGE, ao contrário de outras denominações, que já eram bem maiores. 3.      Os jornalistas dos jornalões, acostumados com a rígida hierarquia institucional católica não conseguem [ou não tentam] entender muito o sistema