Você tem quatro anos de idade. Alguém te leva para uma sala no seu jardim de infância. Você diz qual a sua guloseima preferida e trazem um bandeja cheinha, que fica numa mesa bem na sua frente. Uma pessoa explica que vai sair por alguns minutos e que, se você conseguir esperar até ela voltar, você pode comer duas guloseimas mas, se você preferir comer antes, você toca uma campainha, ela volta antes mas aí você pode comer apenas uma.
Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia,
que pertence a menos gente
mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia
foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.
Comments
Se as opções são comer duas gulosimas ou apenas uma, por que trazer uma bandeija cheia?
Certamente o experimento conta com a possibilidade da criança - que talvez ainda não entenda o conceito de compromisso e a importância de cumprir o combinado - pensar na 3ª alternativa e simplesmente comer quantos doces quiser enquanto estiver sozinha na sala com uma bandeja de tentações.
Aos quatro anos é provável que eu ainda não soubesse o que era honrar a minha palavra, mas sabia muito bem o que eram umas palmadas no bumbum (não sei se com as crianças de hoje é assim). Então é provável que eu ficasse com uma das duas opções oficiais. Não sei qual. Ia depender do tempo que o sacana do adulto demorasse para voltar pra a sala.