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Puritanismo e sucesso


A experiência foi conduzida por Walter Mischel, um psicólogo austríaco (mais um dos vários “presentes” que a estupidez de Hitler deu aos Estados Unidos).
Alguns comeram a guloseima logo de cara sem nem tocar a campainha, outros tocaram a campainha depois de encarar a pilha de delícias por 30 segundos e mais ou menos 30% resistiram.
A idéia era estudar os processos mentais que as pessoas usavam para resistir aos seus impulses, mas à medida em que os anos se passaram e pesquisadores continuaram acompanhando aquelas crianças pela adolescência e vida adulta, constataram que aqueles que deram conta de esperar tinham notas melhores, menos problemas com dependência, etc.
[Aqui entre nós os caras acham que podem quantificar o “sucesso” e pior a “felicidade” das pessoas, coisa que eu acho altamente discutível]
Com isso o espírito puritano estadounidense chegou à conclusão de que a chave para o sucesso e felicidade geral é o lema de uma escola charter [um movimento de escolas privadas para crianças de comunidades carentes nos Estados Unidos, assunto muito interessante que fica para outro dia]:
Don’t eat that marshmellow... yet!

Comments

Hehe. Honestamente, acho que cada criança reagiria conforme sua criação naquele momento...

Se a criança tem pais confiáveis, acho que a maioria seguiria o conselho de esperar. Não sei se é tanto assim uma questão de personalidade....
Meu filho, que nao eh magro, pode comer quantos chocolates ele quiser [um de cada vez], contanto que nao seja muito perto do almoço ou da janta.
O interessante justamente eh que esse cara define a personalidade nao como uma qualidade estatica mas como uma coisa dinamica que varia do contexto ao qual a pessoa reage. Um exemplo: para ele nao faz sentido estabelecer que uma determinanda pessoa tem auto-controle. Uma pessoa pode ter grande auto-controle na vida publica, no trabalho, mas pouco auto-controle na relaçao com os pais, perdendo a cabeça facilmente.
ah... então a pesquisa é mais sofisticada. pelos seus primeiros comentarios, achei que era algo tosco.

gosto desses experimentos de psicologia. mesmo sendo esquisitos às vezes, eles trazem algo útil.

lembro de ler que uma determinada pesquisa concluiu que a área do cérebro onde se concentra nossa capacidade de fazer algo (por exemplo, ler) é a mesma que controla nossa capacidade de avaliar esse algo.

isso explicaria por que pessoas que escrevem mediocremente gostam de coisas também mediocres. elas simplesmente vêem qualidade no padrão que atingiram até aquele momento.

ok, sei que isso não explica tudo... mas acho que há alguma verdade na idéia.

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