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Poesia minha: Resposta

Resposta
Foto minha: Janela do OISS

Como é que eu ando na vida
Eu sou um homem novo
Eu sou o mesmo velho
Que eu sempre fui
Eu sou um homem livre
Eu sou o mesmo escravo de Jó
Que eu sempre fui
Sou o seu melhor irmão
E sou o mesmo assassino
Que comeu o seu coração
E depois voltou por mais
Mesmo quando já não há
Mesmo porque sempre há
Alguma coisa nova para matar

Como é que eu ando na vida
Eu quero muito poder morrer
Eu quero muito continuar vivo
E só peço um fim tranquilo
Num cantinho bem quentinho
Estou a ponto de implodir
Feito um cassino de Hollywood
Feito uma válvula de televisão

Foto minha: Janela do OISS 2
Como é que eu ando na vida
Eu sou puro orgulho
Puro sorriso resplandecente
Sem vergonha safado demente
E sou aquele de quem você tem pena
O coitadinho sem rumo
O perdido o abandonado
O entortado sem conserto
Incoerente incompleto inocente
Sozinho triste olhar de peixe morto
Barriga para cima boiando no prato
Eu sou o favorito de todos de longe
Mas de perto ninguém me quer

Como é que eu ando na vida
Eu como minha boca no almoço
Eu rasgo meus olhos no chão
Eu sou sem pai nem mãe
Sou uma plaquinha enferrujada
No cemitério da paz em risco amém
Meu pai erra por aí feito eu
Entre sete palmos de terra
E um monte grama verdinha
Sou um dia na vida em silêncio
É só o que eu peço
Um dia na vida em silêncio
Eu quero esquecer
Mas eu me lembro de tudo
E quero muito voltar
Para fazer tudo de novo outra vez

Como é que eu ando na vida
Sou esse único lugar nesse clarão
Onde você ainda pode se esconder
Sou um zero à esquerda
Sou um milhão
Quem me pague que me venda
Quem me troque que me entenda
Sou só uma piada
Sou uma HK cheia de disposição
Tenho um rei morto na barriga
Prezo muito o amor dos seus
Não tenho o menor interesse no seu perdão


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