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Poesia minha: Vida em degelo

Foto minha: Estudo sobre o azul

Vida em degelo

uma aresta gigantesca de gelo
emerge do fundo ermo do mar
rasga com o corpo o ar frio e seco
ajusta-se ao seu leito desigual
encara o sol da meia-noite indiferente
flutua dura e cega aresta de água e sal
dissolvendo-se em regresso
é só um fantasma banal
do nosso longo epílogo lento
uma imensa lápide em branco
um Titanic às avessas
não há nada
por trás do seu silêncio

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