Um leitor que assina “Amigo da Verdade”
escreve ao jornal criticando a crônica de Machado de Assis condenando a invasão do
México por tropas francesas para instalar no poder o Arqueduque austríaco
Maximiliano como Imperador do México no dia 21 de fevereiro de 1865 [Correspondencia
89-93]
No dia 21 de março Machado responde. Destaco
algumas passagens particularmente felizes:
“… o Amigo da Verdade, referindo algumas
frases nossas da revista de 21 do passado, repara que houvéssemos estranhado no
discurso do Sr. D. Pedro Escandón [enviado diplomático do regime de
Maximiliano] as expressões – recíprocos interesses – entre os dois
impérios, – e a identificação de governo – entre os dois países.
Nossa
resposta é simples.
[…]
Em nossa opinião o império do México é um filho
da força e uma sucursal do império francês. Que reciprocidade de interesses
podia haver entre ele e o império do Brasil, que é o resultado exclusivo da
vontade nacional?
[…]
A justiça universal e o espírito americano
protestam contra a reciprocidade desses interesses entre os dois impérios.
[…]
… o Brasil não pode ter comunhão de interesses
nem de perigos, com o México, porque a sua origem é legítima, e o seu espírito
é, antes de tudo, americano.” [94-5]
No final da resposta de Machado encontro este
trecho particularmente interessante, particularmente relevante para o ambiente
cultural de hoje em dia, na minha opinião:
“Há homens que da simples contradita do
adversário concluem pela incompetência dele. As amizades, na vida comum, os
partidos, na vida política, nunca deixaram de sofrer com a existência desses
homens, para os quais só a convicção própria pode reunir a ilustração, a
verdade e a justiça.”
Crônica de 21/3/1865
Correspondência
de Machado de Assis – Tomo I, 96
Comments