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Da série profetas do apocalipse

Antiguos compañeros se reúnen
Ya somos todo aquello
Contra lo que luchamos a los veinte años.
José Emilio Pacheco, Desde entonces, 1975-1978

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Que bonito. Embora eu acredite que essa verdade não valha para todo mundo. Sobre o post anterior, tenho uma reação absolutamente perplexa diante do governo Lula. Me irrita que os casos de corrupção tenham acirrado os brados dos conservadores, sendo que ele não fez nada melhor ou pior que FHC. Me parece importante, às vezes, o valor simbólico de sua figura para os mais pobres. Nem sempre uma simbologia acompanhada de consciência política, mas em alguns casos acho que sim.
Quando eu tinha 15 anos chorei diante da televisão na contagem do segundo turno, quando ganhou o Collor. Em teoria, os mandatos do Lula eram meu sonho adolescente. Que se manifestou na realidade com todos os índices de realidade que decepcionam muitos adultos. Tento negar essa decepção em mim mesma porque os índicios se manifestaram progressivamente e fui percebendo com os anos. Mas...
Pois é, Sabina, o José Emilio Pacheco é considerado o maior poeta vivo do México, e eu gosto muito do trabalho dele, mas também me agonio um pouco com esse ceticismo radical que ele tem. Digo isso porque acho meio boba a glória dos que não se deixam iludir nunca. Eu votei no Lula todas as vezes em que ele perdeu e na primeira vez em que ele ganhou [na segunda morava fora e não estava obrigado a votar, mas se segundo turno estivesse apertado talvez atee me animasse a viajar duas horas de trem para votar no consulado]. Minha decepção é mais ou menos como a sua, bem relativizada, entendendo os ganhos sem querer passar a mão na cabeça. O problema da corrupção e do abismo entre discurso e prática política é uma coisa mais geral, é uma crise mundial da democracia que eu não faço a menor idéia de como vai acabar.

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