Vive
Djavan
É inútil
chorar,
noites enveredar,
ruir,
por nada
assim.
Minha vida é sua
como marinheiro do mar.
Sofrer,
não há
porquê.
Desencana, meu amor.
Tudo seu é muita dor.
Vive.
Deixa o tempo resolver
o que tem que acontecer
Livre.
Tanto o que eu sonhei
nos amar à pleno vapor.
Tanto o que eu quis
Fazê-la
estrela
da sagração de um ser feliz.
Desinflama, meu amor.
Do seu jeito é muita dor.
Vive.
Deixa o tempo resolver
se tiver que acontecer,
vive.
Desencana, meu amor.
Tudo seu é muita dor.
Vive.
Deixa o tempo resolver
o que tem que acontecer
Livre.
Apenas três instrumentos: bateria, contrabaixo e piano, todos sincopadamente lacônicos, perfeitamente integrados ao clima de exaltação à simplicidade da letra, com destaque para o contrabaixo que abre espaços com os seus silêncios sem abrir mão de uma "pegada" forte no ritmo. E dizer que a interpretação concentradamente despojada do Djavan é melhor que a da Maria Bethânia para a mesma canção é suficiente para explicar o quanto eu gosto do Djavan cantando aqui. Há quem diga que a MPB está em decadência. Decadência é escolher não dar destaque nos meios de comunicação - principalmente os meios entregues a concessionários do rádio e da televisão - a uma produção com essa força. Quem tem disposição para dar dois passos além banca cheia de fruta meio passada que eles nos oferecem de bandeja encontra coisas da melhor qualidade sendo feitas hoje mesmo. Enfim, melhor mesmo é desencanar e ser feliz.
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(Tata)