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Sobre a língua portuguesa entre baiques, xópins, piqueniques e abajures

À maneira do seu ídolo Antônio de Castro Lopes,
e
is o Capitão Pelino que, cercado por alvissareiros,
fala sobre o runimol de ludâmbulos
que a Copa do Mundo causou. 
Fiz meu doutorado em literatura comparada e me considero um comparatista contumaz. Acredito piamente que reunir uma conjunto cuidadoso de comparações e contrastes entre duas épocas ou dois lugares ou simplesmente dois textos diferentes é uma estratégia excelente para produzir conhecimento. Quem não acredita em nada piamente que me atire a primeira pedra. Pratico a versão extensiva dessa prática comparativa na minha vida de professor/pesquisador universitário e uma versão muito sintética [e por isso meio atabalhoada] aqui no meu blogue. Tenho que priorizar aquilo que paga o leite das crianças. 

Quando leio qualquer pessoa veramente indignada com qualquer neologismo ou algum "erro" de português numa placa qualquer ou qualquer coisa desse tipo, sinto uma profunda preguiça. Quando fico sabendo que há até quem queira legislar sobre o assunto em pleno século XXI, tenho vontade de ir embora, mas já fui e na verdade ando até querendo voltar.

Bom, vamos à comparação que espero, valha mais que páginas e páginas de argumentos bem montados contra essa mania das chamadas elites pindorâmicas [já excluindo delas o pobre do Chico Mendes que não tem nada a ver com isso].

No conto "Nova Califórnia" Lima Barreto nos apresenta a um certo "Capitão Pelino, mestre-escola e redator da Gazeta de Tubiacanga, órgão local e filiado ao partido situacionista" que atendia às conversas na farmácia de Jubiacanga não para falar mas para escutar atentamente e interromper a fala dos outros apontando-lhes ofensas ao português. 

Um dos autores de cabeceira de Pelino é um tal Antônio de Castro Lopes [1827-1901], autor de [olhem que título!] Neologismos Indispensáveis e Barbarismos Dispensáveis publicado em 1899 com o mesmo propósito de Aldo Rebelo e o capitão Pelino de apostolado de vernaculismo [que significa, conferi no dicionário, "pureza de linguagem, casticismo, purismo".

Eis então uma lista de barbarismos que indignavam os defensores da pureza do português contra as invasões de línguas estrangeiras no final do século XIX:

Abajur
Avalanche  
Assegurar

Bijuteria  
Boulevard  
Cachecol  
Chalé  
Champignon  
Claque  
Debut

Engrenagem  
Feérico  
Massagem  
Mise-en-scène  
Nuance  
Pince-nez  
Piquenique 
Reclame  
Repórter  
Turista

E agora tirem suas próprias conclusões...



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