Vida
em degelo
uma aresta gigantesca de gelo
emerge do fundo ermo do mar
rasga com o corpo o ar frio e seco 
ajusta-se ao seu leito desigual
encara o sol da meia-noite indiferente
flutua dura e cega aresta de água e sal
dissolvendo-se em regresso
é só um fantasma banal 
do nosso longo epílogo lento 
uma imensa lápide em branco 
um Titanic às avessas
não há nada 
por trás do seu silêncio 
além de indiferença por nós
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