Antes que se comece a falar em intervenções americanas “mais robustas” na Síria, vale a pena dar uma olhada no resultado de 1 trilhão de dólares, um milhão de soldados enviados e treze anos de presença dos Estados Unidos no Afganistão.
A resenha recente no New York Review of Books de No Good Men Among the Living: America, the Taliban, and the War Through Afghan Eyes um livro devastador do jornalista Anand Gopal, recém publicado nos EUA, serve ao propósito.
O mesmo sistema de financiar chefes de milícia e líderes tribais está sendo praticado de novo agora na Síria e no Iraque. No Afeganistão essa gente ficou rica com contratos milionários, usa o rótulo de terrorismo para perseguir inimigos e rivais e para aterrorizar as populações locais. Um exemplo do “líder” que essa política produz é o atual vice-presidente do Afganistão, um certo Abdul Rashid Dostum, com ligações com o crime organizado, a CIA, o serviço de inteligência do Paquistão e traficantes internacionais e ampla participação em esquemas ligados a empresas de construção, empresas de segurança privadas, especulação imobiliária e a exportação de petróleo e ópio, além é claro dos esquemas de suporte logístico aos estrangeiros ocupando o seu país. O apoio estadounidense transformou o encanador e empregado de refinaria dos anos 80 num homem riquíssimo e poderoso, e se a mídia do país insiste que o governo dos EUA agora não quer nada com ele, o sujeito ganha um salário de 70.000 dólares por mês da CIA para viver no exílio, dá uma banana para eles e volta ao país para ser vice-presidente. Entre histórias mais infames do sujeito, o fato de ter gasto 100.000 dólares num cachorro para brigas e ter cozinhado até a morte centenas de prisioneiros do Talibã em containers de transporte de carga.
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