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ter que tornar a abrir demais os olhos - em 3 momentos

1.
Sonetos que não são 1
 Hilda Hilst

Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha

Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

Mais poemas de Hilda Hilst aqui.


2.
"... even under the domination of the pleasure-principle there are ways and means enough of making what is in itself disagreeable the object of memory and of psychic pre-occupation. A theory of aesthetics with an economic point of view should deal with these cases and situations ending in final pleasure gain..."
Trecho de Beyond the Pleasure Principle de Freud 


3. 
"E o menino estava muito dentro dele mesmo, em algum cantinho de si. Estava muito para trás. Ele, o pobrezinho sentado.
O quanto queria dormir. A gente devia poder parar de estar tão acordado, quando precisasse, e adormecer seguro, salvo. Mas não dava conta. Tinha de tornar a abrir demais os olhos, às nuvens que ensaiam esculturas efêmeras."
Trecho de "Os cimos" de Guimarães Rosa que pode ser lido na íntegra aqui.

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