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Viva la mídia loca: sobre reportangens sobre a dengue [parte 2]


PARTE 2

Li um artigo na revista New Yorker [TheMosquito Solution, July 9&16, 2012] sobre o assunto. Eis o que aprendi:

1. Calcula-se que os vários tipos de mosquitos que picam humanos são responsáveis por metade das mortes na história do ser humano no planeta. Uma grande parte pela Malária.

2. O Aedes aegypti provavelmente chegou nas Américas à bordo de navios negreiros. Os ovos podem sobreviver até um ano sem incubar, se necessário, mas depois de quatro dias basta água na temperatura de 27oC e em menos de uma hora os ovos estão “chocados”.

3. A dengue é uma das doenças virais que mais se espalha no mundo. A OMS calcula que pelo menos 50 milhões de pessoas contraem dengue por ano. O número de afetados pela doença cresceu 30 vezes desde 1965. E já saímos da obsessão do brasileiro com tudo o que acontece no seu país e sua profunda ignorância sobre o que acontece em qualquer outro lugar do mundo que não seja uma magra seleção de “fatos” sobre os Estados Unidos e alguns países  a Europa ocidental.

4. O Aedes aegypti é capaz de se reproduzir numa colher de chá de água. Já encontraram sinais do bichinho em tudo quanto é canto, mas especialmente em pneus, onde basta uma colher de chá de água se acumular e pronto. Essa uma das prováveis causas desse grande aumento na doença no mundo desde 1965. A outra é que os mosquitos hoje são imunes aos inseticidas que nos livraram da Febre Amarela no começo do século XX.

5. Só a fêmea do Aedes aegypti precisa de sangue. Ao contrário de outros mosquitos, eles não fazem barulho. Preferem atacar pés, tornozelos e pernas. Ao contrário de outros mosquitos distribuem seus ovos em vários lugares diferentes, multiplicando as chances de que eles sobrevivam.

6. Agora o mais incrível: em 2011 a USP e a Oxitec [Oxford Insect Technologies, empresa inglesa criada a partir da Universidade de Oxford] conduziram um teste com a introdução em comunidades relativamente isoladas de um macho geneticamente modificado do Aedes aegypti no ambiente. É a primeira vez na história que o ser humano fabrica um animal mutante em laboratório e solta o bicho no meio-ambiente. Eles são fabricados em Juazeiro, por uma empresa chamada Moscamed. Os ovos fertilizados pelos mutantes carregam um gene fatal. As larvas morrem antes mesmo de começar a voar.

Ei, mas o mais importante eu já sabia: essa dona aí pegou dengue, coitada. Aliás diz a reportagem que não só ela mas também o marido apresentador da apresentadora da Rede Bobo que inventou a Tiazinha e uma tal de Solange Couto que parece que também trabalha lá. Eu obtive essas informações que MUDARAM minha vida aqui.

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